10.000 a.C. | Metalurgia

Podemos perceber que hoje a presença dos metais é indispensável à existência da sociedade moderna. Se não estamos cercados por objetos de metal, certamente estamos cercados por objetos fabricados com ferramentas metálicas.

O momento em que nossos antepassados começaram a dominar a fundição dos metais marcou o início de uma nova era na história da humanidade: o fim da Idade da Pedra, ou Neolítico, e o início da Idade dos Metais.

Com o domínio do fogo, a metalurgia se tornou possível. A palavra “metal” vem do grego e significa “procurar, sondar”. A maioria dos metais existem na natureza apenas na forma de minérios, ou seja, combinados com outros elementos químicos e na forma oxidada. As exceções são o ouro e eventualmente a prata, o cobre, a platina e o mercúrio. O ouro, apesar de ser um dos metais mais raros existentes, foi provavelmente o primeiro a ser descoberto, por existir quase sempre na forma de pepita e ter uma cor atraente. Era extremamente pesado, podia ser usado como ornamento por ser brilhante e podia ser moldado nas mais variadas formas, pois não era muito duro. Além disso, era permanente, uma vez que não oxidava nem deteriorava. Estima-se que o ser humano tenha iniciado seu trabalho com o ouro há mais de dez mil anos.

Provavelmente, a primeira produção de metal foi obtida acidentalmente, ao se colocar certos minérios de estanho ou de chumbo numa fogueira. O calor de uma fogueira (cerca de 200 °C) e o carvão são suficientes para derreter e purificar estes minérios, produzindo um pouco de metal. Depois, o estanho e chumbo também podem ser derretidos e moldados numa fogueira comum. As primeiras contas de chumbo conhecidas atualmente foram encontradas em Çatalhüyük, na Anatólia (atual Turquia), tendo sido datadas de 6500 a.C. Embora o chumbo fosse um metal relativamente comum, ele era muito macio para ter grande utilidade. Para servir como ferramenta, outro metal entrou em cena: o cobre.

Os traços mais antigos referentes à metalurgia do cobre datam do quinto e sexto milênios a.C. e foram encontrados na região onde hoje é a Sérvia. Entre os objetos está um machado que data de 5.500 a.C., pertencente à cultura Vinca.

Cobre nativo.

Em 3500 a.C. aproximadamente, acredita-se que tenha havido um rápido desenvolvimento da metalurgia na região da Mesopotâmia – e que este pode ter proporcionado o crescimento tecnológico daquela região. Existem diversos indícios em sítios arqueológicos que datam de 3.000 a.C. que evidenciam que o cobre se espalhou pelo Oriente Médio e chegou a culturas neolíticas em regiões da Europa.

Ainda que o cobre tenha gerado certo impacto no mundo antigo, produzindo boas armas e armaduras, ainda era muito macio para produzir ferramentas de corte úteis. Por causa disso, sua metalurgia não substituiu de todo a manufatura de armas e ferramentas de pedra, que ainda produzia lâminas de melhor qualidade.

Por volta de 3.500 a.C. descobriu-se que combinando o cobre e o estanho era possível se obter um metal superior. Surgia então a liga chamada Bronze, que gerou uma mudança tecnológica tão importante que encerrou a Idade do Cobre e inaugurou a Idade do Bronze.

Entre as mais notáveis relíquias da Idade do Bronze estão as escrituras épicas Ilíada e Odisseia, nas quais os guerreiros lutavam com armaduras de bronze e com lanças cujas pontas eram de bronze. Com o tempo, algumas civilizações utilizaram o bronze tão intensamente que acabaram por exaurir seus suprimentos de cobre locais, uma vez que seu minério já não era muito comum. No caso do estanho, este era ainda mais raro, cerca de quinze vezes mais raro que o cobre. Por volta de 2.500 a.C., ainda que se encontrasse o cobre em certas regiões do Oriente Médio, o suprimento de estanho parecia ter se exaurido completamente.

Facas da Idade do Ferro da Bielorrússia no Museu da Faculdade Histórica da Universidade Estadual da Bielorrússia. Crédito: Wikimedia Commons

Por volta de 1.300 a.C. começou então a se desenvolver a obtenção do ferro a partir de seus minérios, na Ásia Menor. O ferro era de purificação mais difícil e exigia uma temperatura mais alta.

Este, produzido a partir do minério, às vezes era satisfatoriamente duro e resistente. Isso não ocorria sempre, mas com frequência suficiente para que os metalúrgicos labutassem na refinação do ferro. Acabou-se descobrindo que a adição do carvão vegetal ao ferro em quantidade adequada o endurecia. Produzia o que hoje chamamos de “superfície de aço”. Em 900 a.C., os siderúrgicos aprenderam a fazer isso propositadamente, e a Idade do Ferro começou. Repentinamente, a escassez do cobre e do estanho não tinha mais importância.

Este é um exemplo de como os homens têm lidado com o esgotamento de recursos no curso da história. Em primeiro lugar, intensificaram a busca de novas provisões e, em segundo, encontraram substitutos. Esse foi o método de obtenção de ferro na antigüidade e, possivelmente, também na pré-história.

Com o fim da Idade do Ferro e o advento da escrita, encerrou-se então a Idade dos Metais, assim como a Pré-História.


Referências:

Metallurgy. Wikipedia

Neolithic Vinca was a metallurgical culture. Archaeo News

Idade dos Metais. Wikipedia

Iron Age. Wikipedia

Gostou deste artigo?

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no Pinterest
Compartilhar no WhatsApp