3.000 a.C. | Escrita Cuneiforme

A escrita é, sem sombra de dúvidas, uma das maiores criações da raça humana e foi um divisor de águas na história da civilização. Para entendermos como se deu seu surgimento, precisamos voltar alguns milhares de anos antes de seu desenvolvimento.

Uma vez que a denominação do que é a escrita é um tanto ampla, e seu surgimento contou com a participação de povos distintos em regiões distintas e em épocas diferentes, trataremos aqui apenas da escrita cuneiforme, que é considerada, juntamente dos hieróglifos egípcios, um dos mais antigos sistemas de escrita conhecidos.

Bom, se você se recorda das aulas de história do ensino médio, deve se lembrar que as primeiras cidades surgiram “há milhares de anos atrás” (cerca de 7500 a.C para ser mais exato), na região conhecida como Mesopotâmia – sim, aquele trecho de terra entre os rios Tigre e Eufrates tão falado nos livros de história, que, entre outras comunidades, incluíam as primeiras e famosas cidades-estado: Eridu, Uruk e Ur. Junto às cidades que se formaram ao longo do rio Nilo, no Egito, essa região era conhecida como Crescente Fértil.

A região do crescente fértil leva este nome porque, localizada entre os rios Tigre, Eufrates, Jordão e Nilo, tem um formato que se assemelha ao de uma lua crescente.

Outras cidades também surgiram em diversas regiões onde a terra era fértil, como no vale do rio Indo no subcontinente indiano e no Rio Amarelo, na China, à medida que as pessoas começaram a cultivar plantações e se estabelecer em comunidades. A produção agrícola nessas áreas férteis significava que as pessoas podiam desistir de um estilo de vida nômade como caçadores e coletores para aproveitar os excedentes de alimentos. O assentamento ao longo de rios também forneceu um sistema de transporte muito necessário que facilitou o comércio.

Pelos próximos milênios, as cidades continuaram a crescer em número, tamanho e estatura. Foi então que, em cerca de 4000 a.C. os sumérios desenvolveram as primeiras cidades-estado na Mesopotâmia. Elas caracterizavam-se por constituir unidades distintas e autônomas em relação às outras. Assim, cada cidade suméria possuía administração e governante próprios, com leis distintas e política econômica diferente uma das outras.

Sítio Arqueológico de Uruk. Localizada no que hoje é Warka, no Iraque, a cidade de Uruk foi uma das primeiras cidades da história. A terra outrora fértil, parte do que era conhecido como Crescente Fértil, agora é um deserto. (Crédito da imagem: Sac Andy Holmes)

Com o crescimento das cidades, sua administração se tornou muito complexa. Já tendo estabelecido a primeira civilização com a introdução da agricultura e a domesticação do gado, os sumérios decidiram que era mais eficiente registrar as transações econômicas por escrito, em vez de usar objetos que representassem o número de animais e a quantidade de alimentos negociados. Inicialmente, tanto no Egito quanto na Mesopotâmia, os homens “escreviam” fazendo uso da pictografia, que é o registro de informações com o uso de imagens. Na Suméria, os pictogramas iniciais logo se transformaram num sistema complexo de símbolos no qual os itens eram representados por um signo, e o volume por outro. Os registros eram feitos em tábuas de argila, e seus principais usos eram contábeis, comerciais e de propriedade, fundamentais para a administração das cidades. Caso se desejasse guardar os registros por muito tempo, as tábuas de argila eram assadas em fornos.

As tábuas da Epopeia de Gilgamesh foram encontradas na Biblioteca de Nínive, construída a mando de Assurbanípal (668 a.C. – 627 a.C.)

Com a evolução da simbologia, os registros em placas de argila se tornaram mais cuneiformes (em forma de cunha), chamados assim por causa das pontas de caniços que os sumérios usavam para escrever. As formas foram se tornando mais simples (menos trabalhadas) e aos poucos se transformando em um alfabeto de centenas de sinais fonéticos e silábicos. As palavras então deixaram de ser representadas por ilustrações e passaram a ser representadas por signos, que representariam uma unidade de som. Com o passar do tempo houve outra mudança: a escrita, que era feita na vertical em colunas, passou a ser feita em linhas horizontais, da esquerda para a direita. Essa forma de escrita foi herdada por outros povos mesopotâmicos e foi muito utilizada por acádios e assírios.

Grande parte do conhecimento que se tem atualmente sobre a Mesopotâmia veio a partir da tradução de registros feitos em escrita cuneiforme. Exemplos desses registros em cuneiforme foram a Epopeia de Gilgamesh, que narra uma história de um grande dilúvio ocorrido na região, e o Código de Hamurábi, código penal desenvolvido pelos amoritas, durante o reinado de Hamurábi. Outros textos encontrados incluem cartas pessoais, de negócios, transações comerciais, receitas, vocabulários, hinos, rezas e textos sobre Matemática, Astronomia e Medicina.

Uma grande inscrição cuneiforme encontrada no lado sul da colina de Van Castle, quatro quilômetros a oeste da atual Van, no leste da Turquia. Tem vários metros de altura e largura, 25 séculos de existência e a mensagem vem do rei persa Xerxes.

Referências

https://www.estudopratico.com.br/escrita-cuneiforme

https://en.wikipedia.org/wiki/Cuneiform

https://www.youtube.com/watch?v=tUWIpzYaKXw

https://www.nationalgeographic.org/article/history-cities

https://brasilescola.uol.com.br/historiag/sumerios-acadios.htm

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